Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet

Publicado:

Sarah Sayonara*
O Imperativo Corrompido
“Penso, logo existo” foi o imperativo dado pelo filósofo René Descartes para reconhecer a própria existência, pois ele considera que a capacidade de raciocinar caracteriza o ser humano. Entretanto, no hodierno, o raciocínio dos usuários das mídias digitais tem sido comprometido pelo controle de algoritmo de dados, que não permite a liberdade de navegação. Consequentemente, estabelece-se a manutenção da alienação, além da dominação social.

A priori, a manipulação do acesso à informação interfere na progressão da socialização individual. Acerca disso, Arthur Schopenhauer afirmou que o homem tende a tomar limites do seu campo de visão como as bordas do mundo. Por essa ótica, é evidente que, ao ter sua fonte de notícias limitada, o indivíduo é impedido de expandir sua perspectivas , de maneira que continuará a reproduzir os mesmos preconceitos e opiniões que estabeleceu em sua primeiras socializações. Isso faz com que ele se mantenha em uma “bolha virtual”, sem contato com toda a diversidade de informações. Um instrumento atual para sistematização desse processo é o uso de “rebots” para aplicação de tweets a fim de colocá-los nos “Tranding topics”. Portanto, o controle de dados na internet contribui para a cristalização da alienação.
A posteriori, a indução ideológica prejudica o exercício da cidadania. Nesse contexto, a manipulação do algoritmo virtual se assemelha à propaganda realizada pelo ex-presidente Getúlio Vargas, que usava o rádio para propagar apenas bons feitos do “Estado Novo” e encobrir atos de tirania. Naquele período, isso foi fundamental para evitar revoltas populares e, de maneira análoga, a falta do pleno funcionamento da mídia contemporânea aliena aqueles que estão inseridos em “bolhas virtuais”, pois eles obtêm apenas verdades parciais e deixam de ser cidadãos politicamente ativos. Desse modo, esse fenômeno provoca a subserviência popular.
Em suma, a manipulação dos indivíduos pelo controle do algoritmo virtual alimenta a alienação e aquietação civil. Para dirimir essa problemática, é imperioso que as universidades aliadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia incentivem jovens talentos da informática a criarem formas de democratizar o pleno acesso à informação, por meio da realização de olimpíadas de informática que promovam o desenvolvimento de aplicativos, como algum que possibilite a disseminação aleatória de materiais jornalísticos, ou novas redes sociais que não sigam um padrão algorítmico, com o intuito de disponibilizar uma alternativa para quem queira romper sua “bolha virtual”. Ademais, é mister que organizações de engajamento político, como a UNE – União Nacional Estudantil” e sindicatos, combatam o controle social através da divulgação panfletária de eventos dignos de inquietação popular, com fito de impedir a alienação promovida nessa era digital, pois é pelo capital cultural que se estabelece uma sociedade pensante como a idealizada por Descartes.

Texto de Sarah Sayonara*
Ex-aluna Gauss, cursando Medicina na UFOB
980 na redação do ENEM
Colégio e Curso Gauss

Clique no link e participe do GRUPO NO WHATSAPP
Clique no link e participe do CANAL NO WHATSAPP

Seu comentário