Deputado Antonio Henrique Júnior defende que carrancas sejam patrimônio cultural

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Reconhecer as carrancas do Vale do Rio São Francisco como patrimônio cultural material da Bahia é o que propõe o deputado Antonio Henrique Jr. (PP) em projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa. “As carrancas do Rio São Francisco compõem hoje o acervo do folclore nacional e se constitui em um dos maiores enigmas da arte popular brasileira, tanto pela sua notável expressão artística, quanto pela sua originalidade”, declarou o parlamentar, como justificativa para a proposição.
Segundo o parlamentar, estima-se que as primeiras carrancas apareceram em 1875. Tratam-se de “figuras de proa utilizadas nas embarcações do Rio São Francisco e se apresentam sempre como alguma figura que mistura detalhes humanos com detalhes animais, ou simplesmente a forma de animal, que possuem expressões de ferocidade e ao mesmo tempo hilária, de figura mitológica indeterminada”.
O legislador diz que, para a população ribeirinha do Rio São Francisco, as embarcações eram praticamente o seu único meio de transporte. “Seus proprietários concorriam entre si a fim de atrair a freguesia. A carranca, originária do trecho médio do Rio São Francisco, servia como atrativo: a maior, a mais bonita/medonha ou diferente ou enfeitada conseguia a atenção dos passageiros e concedia ao barqueiro mais prestígio, sendo este um dos principais motivos para a sua difusão ao longo do Vale do Rio São Francisco”.
Além do valor decorativo, também atribuiu-se à figura da carranca a função de afugentar maus espíritos e proteger as viagens, de acordo com o deputado. Na crendice popular, acreditava-se que quando a embarcação estava preste a tombar em alguma pedra, a carranca gemia três vezes avisando o perigo.
“A origem da carranca e a sua concepção até a sua forma zooantropomorfa ainda é motivo de debates e indefinições entre os estudiosos. Acredita-se que algum fazendeiro da região do São Francisco deve ter visto nos portos de grandes cidades (como Salvador e Rio de Janeiro) os navios decorados com objetos de seus proprietários e levado o costume para as embarcações do Rio São Francisco”, explica Antonio Henrique Júnior.
Historiadores, segundo ele, dizem que “a primeira barca a utilizar a figura de proa foi a Serrana, de propriedade do comerciante juazeirense Miguel Italiano, cuja figura era representada por um busto de uma mulher feita de louça (material também utilizado para as primeiras carrancas). Mais tarde, surgiram as caras de cavalo, chifres de boi e, depois, as carrancas”.

Ascom ALBA

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